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Você abre o coração a Deus?

“De repente, compreendi o silêncio como uma presença. No coração desse silêncio estava Ele, que é todo silêncio, paz e abandono.”

Georges Bernanos

Com a agitação do mundo, podemos muitas vezes nos deixar levar. Podemos tornar nossos momentos de oração em momentos automáticos e totalmente mecânicos, nada profundos… Isso já aconteceu com você?

Por muitas vezes, encerramos o dia e vamos dormir agitados, ansiosos pelo dia seguinte e fazemos uma rápida oração, sem realmente demonstrar nossos sentimentos. A mesma coisa acontece com as orações antes das refeições – não raro repetimos as mesmas palavras, já notou isso? Ao levantarmos, estamos já apressados e facilmente entramos na agitação do dia, sem nos voltarmos para Deus. Talvez, essa não seja sua realidade, mas muitos de nós, infelizmente, estamos sendo pegos pela armadilha da vã repetição.

Em Mateus, capítulo 6, versículo 7 lemos:

“E orando, não useis vãs repetições” .

Jesus ressalta que o uso de palavras repetitivas ou frases fórmulas é uma prática idólatra ou pagã e não deve fazer parte da oração cristã. Nossas orações devem ser mais como a breve e simples oração de Elias no Monte Carmelo e menos como as orações prolongadas e repetitivas dos profetas de Baal (1 Reis 18:25-39).

Quando estamos orando, estamos conversando com Deus e adorando-O. É uma conversa do coração. Resta-nos uma reflexão: Estamos abrindo o coração a Deus em oração?

É fácil se distrair com inúmeras repetições, repetindo as mesmas palavras em nossas orações em vez de pensar nas palavras ou deixá-las vir do coração. Devemos nos concentrar em Deus em oração e honrá-Lo em nosso coração. Em Isaías 29:13, Deus diz:

“Pois que este povo se aproxima de mim com a sua boca, e com os seus lábios me honra, porém o seu coração se afasta para longe de mim, e o seu temor para comigo consiste só em mandamentos de homens, em que foi instruído”.

A advertência de Jesus contra repetições vãs significa que devemos evitar palavras ou repetições vãs ou sem sentido em nossas orações. Repetir certas coisas enche o tempo, mas não prova nossa devoção e nem melhora nosso relacionamento com o Pai Celestial. Devemos ensinar nossos filhos desde cedo a orar de maneira natural e com reverência por Aquele a quem estão se dirigindo.

Precisamos ser persistentes na oração. E ser persistentes na oração não é o mesmo que usar repetições vãs. Não há nada de errado em orar pela mesma coisa mais de uma vez (2 Coríntios 12:8). Afinal, Jesus nos ensinou que devemos “orar sempre e nunca esmorecer” (Lucas 18:1). Entretanto, entende-se que nossas orações que são do coração e espontâneas e que honram a Deus são as que devemos fazer, e não apenas uma repetição de palavras escritas ou decoradas.

A Bíblia nos ensina a orar com fé (Tiago 1:6), direcionando-nos diretamente a Deus (Mateus 6:9) e em nome de Jesus (João 14:13). Devemos oferecer nossas orações com reverência e humildade (Lucas 18:13), com perseverança (Lucas 18:1) e em submissão à vontade de Deus (Mateus 6:10). A Bíblia nos ensina a evitar orações que sejam hipócritas, destinadas a ser ouvidas apenas pelos homens (Mateus 6:5) ou que dependam de repetições vãs (Mateus 6:7).

O momento de oração pode ser um momento sagrado e de muita revelação pessoal. É um momento que nos desligamos do mundo e nos conectamos com nosso Pai Celestial, prontos a sentir Seu amor e cuidado.

Charles Eugène de Foucauld de Pontbriand, ou simplesmente o beato Charles de Foucauld, foi um oficial das Forças Armadas da França que se tornou explorador, geógrafo e posteriormente religioso católico, eremita e linguista. Foi beatificado em 13 de novembro de 2005, pelo Papa Bento XVI. Ele escreveu em seus registros uma belíssima definição do que realmente significa orar:

“Orar significa pensar em Jesus com amor. A oração é a atenção da alma que se concentra em Jesus. Quanto mais uma pessoa ama Jesus, tanto melhor ela ora”.

A oração é a porta para a fé. Quem ora deixa de viver de si, para si e a partir da própria força e sabe que há um Deus com quem pode falar. Uma pessoa que ora entrega-se cada vez mais a Deus. Ela procura desde já a união com Aquele com quem, cara a cara, se encontrará um dia. Por isso, pertence à vida cristã o esforço de orarmos frequentemente. Não se aprende a orar como se aprende uma técnica. Embora isso soe estranho, orar é um dom que se obtém por meio da própria oração.

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