O testemunho que começou com uma paixão pelo futebol

9 de maio de 2025 Redação

Este artigo foi escrito com base nos relatos de Maria José Almeida de Lima.

Tudo começou no início da década de 1980, quando a irmã Maria José Almeida de Lima, torcedora apaixonada do Flamengo, passou a colecionar itens relacionados ao jogador Milton Queiroz da Paixão — o Tita — famoso por atuar na seleção brasileira e no próprio Flamengo.

Naquela época, Maria José costumava frequentar a casa de sua amiga Cláudia, com o irmão desta, Júnior. Eles conversavam bastante sobre futebol, e todos eram fãs fervorosos do Flamengo. Cláudia era admiradora do famoso camisa 10, o jogador Zico.

No entanto, Maria José queria torcer por alguém diferente — alguém menos evidente. Por acaso, escolheu o número 7, sem saber que pertencia justamente ao jogador Tita. A partir de então, passou a colecionar tudo o que encontrava sobre ele.

O camisa 7 do Flamengo

O irmão de Cláudia colecionava revistas Placar, conhecidas por suas reportagens e imagens dos maiores jogadores e times do país. Foi ali que Maria José começou a recortar e guardar conteúdos sobre o camisa 7 do Flamengo.

Certo dia, enquanto trabalhava em uma loja na Praia de Iracema, teve acesso a uma revista esportiva com uma pequena entrevista de Tita. Nela, o jogador mencionava sua religião: era membro de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.

Isso despertou ainda mais a curiosidade de Maria José, que ficou especialmente tocada com o estilo de vida que ele levava, em especial sua postura quanto ao namoro e à castidade.

Na entrevista, a repórter perguntou a Tita se ele tinha namorada, e ele respondeu que não, pois vivia a lei da castidade ensinada por sua religião. Disse que não saía com mulheres apenas por sair, mas esperava encontrar, com a ajuda do Senhor, a companheira com quem pudesse ser feliz para sempre.

A repórter, surpresa, comentou ainda que Tita não frequentava os populares “drive-ins” da época — cinemas em que os casais assistiam a filmes dentro do carro, no escuro — locais muito associados a encontros românticos. Essa informação impressionou profundamente Maria José, que viu naquele exemplo algo diferente e inspirador.

“É a igreja do Tita!”

Certo dia, ao sair para almoçar no centro de Fortaleza, Maria José sentiu um forte desejo de pegar um ônibus diferente do habitual. Normalmente fazia compras perto do local de trabalho, mas naquele dia resolveu ir mais longe.

Ao retornar, ainda dentro do ônibus, viu pela janela um edifício com uma placa que dizia “Últimos Dias”. Imediatamente pensou: “É a igreja do Tita!”

Ela tentou buscar o endereço e o telefone da Igreja no catálogo telefônico, mas sem sucesso. Decidiu então procurar pessoalmente, caminhando pelas imediações da Avenida Santos Dumont.

Encontrou o edifício e foi recebida pelo irmão Valdivino Gomes de Araújo, que na época servia como zelador do prédio. Um ano depois, ele se tornaria o primeiro patriarca da Estaca Fortaleza.

O irmão Valdivino a aconselhou a retornar naquela mesma noite e procurar o irmão Fernando José Duarte de Araújo, que era membro da liderança do então Distrito Fortaleza, pertencente à Missão Brasil Recife.

Maria José voltou à noite e foi apresentada aos missionários — Élder Rubens e Élder Cartezane, ambos de São Paulo. Para sua surpresa, eles eram jovens. Ela imaginava que os missionários fossem senhores de idade, usando guarda-chuvas, chapéus e pastas 007.

Após algumas lições, foi batizada por Élder Rubens Ferreira em 23 de dezembro de 1980.

Mais tarde, conheceu seu esposo, Flávio de Lima, durante um ensaio do coral em Fortaleza. Casaram-se em 10 de julho de 1984 no Templo de São Paulo, tiveram 6 filhos. Serviram em inúmeros chamados de liderança. Atualmente servem como conselheiros no Templo de Fortaleza.