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A jornada de uma mãe atípica: descobrir, ensinar, amar

Escrito com base no relato de Letícia Magalhães da Silva

Quando Caio era pequeno, Letícia sabia que ele era único, mas não imaginava o quanto sua jornada como mãe seria solitária. Sem acesso a redes sociais, sem informação clara sobre autismo e cercada por profissionais que diziam que o problema era apenas “preguiça”, Letícia passou anos tentando entender o que o filho realmente precisava.

Sozinha, ela aprendeu a “traduzir” o idioma do Caio. Buscou tratamentos, trocou de fonoaudiólogos, enfrentou o preconceito — até dentro da própria família — e foi desacreditada muitas vezes. Mas em nenhum momento deixou de lutar. Aos 11 anos, veio o diagnóstico: autismo. Não foi um fim, mas um recomeço. E ela seguiu em frente com mais determinação ainda.

Aprendendo a ser a mãe que o filho precisava

A maternidade atípica exige mais — e Letícia aprendeu isso da maneira mais difícil. Criada num ambiente onde se falava alto e se exigia obediência, precisou se desconstruir para ser a mãe que o Caio realmente precisava

Foi durante seus anos servindo como presidente da Primária na Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias que ela entendeu, na prática, o poder da paciência, da escuta e do amor moldado pelo Espírito.

Ao preparar aulas e ensinar outras crianças, percebeu que precisava aplicar aquele mesmo cuidado com seu próprio filho. “Como eu podia ser calma com outras crianças e não com ele?”, ela se perguntava. O serviço a transformou, e essa transformação se refletiu em casa.

Evangelho em família: ensinando e aprendendo com o filho

O ensino do Evangelho para o Caio não seguiu os moldes tradicionais. As noites familiares que causavam estresse foram substituídas por lições de berçário, com músicas, gestos e mensagens curtas.

Foi nesse formato simples e carinhoso que o testemunho de Caio começou a crescer. Letícia nunca soube exatamente o quanto contribuiu para a fé do filho — mas colhe os frutos até hoje.

O menino que demorou para falar passou a compartilhar suas experiências do dia nas orações, e sua conexão com o Salvador foi sendo construída com pureza e verdade. Na Igreja, ele se sente em casa, e lá nunca enfrentou preconceito. Sua espiritualidade se desenvolveu com liberdade e amor.

Fruto do amor: o desejo de servir ao Senhor

Aos 18 anos, Caio surpreendeu a todos ao dizer: “Quero servir uma missão”. Determinado, foi atrás da papelada, participou de entrevistas e demonstrou maturidade e fé. O menino que um dia foi ofendido na escola agora é oficiante no templo.

Ainda com dificuldades em leitura e decoreba, mas com um espírito disposto e um coração cheio de fé, ele segue firme em seu propósito. Caio é hoje um exemplo não só de superação, mas do que pode acontecer quando uma mãe acredita — mesmo quando ninguém mais acredita com ela.

Nunca é tarde para recomeçar

Letícia, agora, está concluindo a graduação em pedagogia e pós em psicopedagogia e neuropsicologia. Seu desejo é claro: ajudar outras mães, outras crianças, outras famílias. Embora seu caminho tenha sido cheio de obstáculos, ela reconhece que também contou com pessoas que estenderam a mão no momento certo.

Hoje, quer ser essa mão para alguém. Sonha em se tornar uma pedagoga que vai conhecer e acolher cada criança e cada pai e mãe que precisa de apoio, pois entende que o maior vazio, muitas vezes, não está no diagnóstico — mas na solidão que o acompanha. Sua trajetória é prova viva de que nunca é tarde para aprender, servir e transformar a dor em propósito.

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