Pais, estudantes, professores e igreja se unem para faxina em escola pública na zona norte de Ribeirão Preto, SP
Ação na Escola Estadual Walter Paiva mobilizou grupo com o intuito de levar a comunidade para dentro da instituição. ‘Plantamos uma semente e agora ela pode disseminar’, diz jornalista.
Ao invés de cadernos e giz, vassouras e buchas. No lugar da folga, trabalho. O sábado diferente na Escola Estadual Walter Paiva, no bairro Ipiranga, zona norte de Ribeirão Preto (SP), foi de lição extra de cidadania. Alunos, pais, funcionários, membros da comunidade e da igreja abraçaram a faxina geral na unidade, com o intuito de estimular a participação da sociedade na educação.
O mutirão foi promovido pelo grupo de ajuda humanitária “Mãos que ajudam”, da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Cerca de 130 voluntários foram mobilizados na ação de limpeza, retirada de galhos secos e de chicletes do pátio e organização do almoxarifado.
A escola recebe 1.048 alunos dos ensinos fundamental, médio, complementar e especial. Segundo a jornalista Andreia Moreno, uma das integrantes do grupo, o objetivo é incentivar diversos segmentos da sociedade a realizar projetos voluntários no país.
Andreia conta que o grupo procurou por uma escola que precisasse dos serviços que eles poderiam oferecer, o que, a princípio, era apenas a limpeza da escola. Depois de fazer uma pesquisa, a escola Walter Paiva foi escolhida para realização da boa ação.
“Nós plantamos uma semente naquela região e, agora, ela pode disseminar, ela pode crescer e dar frutos”, diz.
Ação
A limpeza foi programada para o início da manhã. Aos poucos, mais gente apareceu para dar sua contribuição, como o corretor de imóveis André Ferreira da Silva e o filho Eduardo de Souza Silva, de 13 anos.
Eduardo abriu mão do futebol com os amigos para ajudar. Segundo o pai, o adolescente não estuda na escola, mas é aluno de outra e sabe bem a importância de se aprender em um ambiente organizado e limpo.
“Meu filho fez os furos na parede para instalar os armários. Eu o ensino a fazer essas coisas e ele já sabe manusear bem as ferramentas. Eu fui assistente dele. O Eduardo sabe que é importante essa ajuda e está sempre disponível a fazer uma ação dessas”, diz André.
Limpeza das salas, retirada de chicletes do pátio, poda de árvores, recolhimento de galhos secos, reparo de mesas e carteiras, tudo foi realizado com ajuda dos voluntários, funcionários, ex-alunos, estudantes, professores e da direção. Para isso foram criadas sete frentes de trabalho, cada uma com um líder.
Engajamento
Diretora da escola, Fernanda Carvalho explica que a escola conta com os serviços de uma empresa terceirizada para o serviço de limpeza, mas a ideia da faxina geral mobilizou e contagiou a comunidade. Segundo ela, o trabalho feito é a maneira ideal de mostrar para quem vive na escola o sentimento de pertencimento.
“Eu convoquei funcionários, alunos do grêmio, achei que seria uma excelente oportunidade que fomente neles e na comunidade em geral um sentimento de pertencimento, de que aquilo também é deles”, diz.
Segundo a diretora, um ex-aluno que participou da faxina retirou vários dos chicletes que ele mesmo grudou no pátio da escola quando ainda estudava lá.
Fernanda acredita que a ação de limpar a escola fez com que os alunos vissem com outros olhos o local por onde passam tantas horas do dia, já que a escola é um lugar de socialização e formação de laços.
“O exercício da cidadania passa por essas ações, essa é a sementinha que nós estamos plantando nos nossos alunos para que eles venham brotar no futuro”, diz.
A diretora afirma que muitos alunos ficaram surpresos ao retornar à escola na segunda-feira. Muitos perguntaram se a unidade havia passado por uma reforma ao encontrar tudo bem organizado.
“Nós temos muitos alunos que vêm de comunidades carentes, muitos não estão acostumados com o belo, o organizado, o limpo. Talvez se naturalize para eles a violência, a sujeira, e isso não é natural. Natural é você fazer parte da organização, da limpeza, da beleza, e é isso que nós queremos incutir nos nossos alunos”, diz.
De acordo com ela, o primeiro passo na questão da participação já rendeu frutos. Pais e alunos já começaram a se empenhar e se ofereceram para ajudar a escola no que for preciso. Desta forma, Fernanda afirma que a escola pública pode ser vista com outros olhos pela sociedade e ser encarada como um seleiro de ideias bem realizadas.
*Sob a supervisão de Thaisa Figueiredo