Santo dos Últimos Dias escreve livro sobre a história da Igreja em Fortaleza
Francisco José Lopes Xavier, (Franzé Lopes), é natural de Fortaleza, Ceará. Ele possui graduação em administração e história, além de um MBA em administração é Pós-graduado em planejamento e gestão. Estudou em instituições como Universidade Paulista, Universidade Estadual do Ceará e Utah College Applied Technology, onde concluiu cursos de inglês e relações no trabalho.
Empresário, historiador e genealogista, foi administrador, professor e coordenador de projetos. Francisco José já publicou três livros. Suas obras abordam temas como a origem sefardita de sua família, voleibol e a história da Igreja “Mórmon” em Fortaleza.
Conversamos com ele sobre sua história como Santo dos Últimos Dias e sobre sua última obra, o livro “Raízes”, que conta a história do estabelecimento de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias em Fortaleza, Ceará.
Equipe Mais Fé: Qual é a sua história como membro de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias?
Franzé Lopes: Em 1986, um amigo de colégio da minha irmã, que era membro da igreja, deu a referência da nossa família para os missionários. Certa tarde, acordei com pessoas batendo palmas na calçada de nossa casa.
Eram dois missionários que perguntaram se a família Lopes residia naquele endereço, respondi que sim, perguntei do que se tratava, eles se apresentaram e disseram que tinham uma mensagem para nossa família, chamei por minha mãe e ela mandou que eles entrassem.
Naquela tarde não fui treinar voleibol como de costume, eu não perdia um treino por nada. Passei do horário, tinha dormido um pouco mais, mas como eu gostava de falar sobre religião decidi ficar para ouvir a mensagem.
Após ter reunido toda família, exceto meu pai que estava no trabalho, minha mãe, minha irmã, meus irmãos e eu nos sentamos na varanda para ouvir os missionários. Três semanas depois da primeira palestra minha mãe, minha irmã e eu fomos batizados com a permissão do meu pai, no dia dois de novembro de 1986.
Meus irmãos foram batizados duas semanas depois. Um ano depois do meu batismo, eu servi como missionário na Missão Recife de 1988 à 1990.
Preste bastante atenção no detalhe de que não fui para o treino de voleibol naquele dia, eu não perdia o treino por nada. Foi uma coisa do Senhor me fazer ficar em casa naquela tarde e receber os missionários.
Eu estava procurando uma igreja há algum tempo e foi a providência divina que fez isso. Minha esposa Célia Maria Mariano Rocha Lopes e eu fomos selados no templo de São Paulo no dia 17 de janeiro de 1995.
Equipe Mais Fé: Como foi a iniciativa de escrever esse livro? Qual foi sua inspiração?
Franzé Lopes: Venho de uma família de escritores, meu avô e um tio avô ambos pelo lado materno foram escritores. Tenho ainda três tios maternos que são escritores, dois deles são membros da Acadêmica Limoeirense de Letras e um deles é membro e fundador da Acadêmia Jaguaribana de Letras Jurídicas. Tenho um primo materno que também é escritor.
Eu sentia que devia escrever o livro com três objetivos principais. Primeiro: resgatar as raízes históricas da Igreja. Pegar o pouco que tinha do início e registrar para que não ficasse perdido. Afinal a primeira leva de pioneiros já está partindo.
Segundo: apresentar algumas famílias que se filiaram à Igreja e as circunstâncias em que isso ocorreu.
Terceiro: receber sugestões, informações e documentações para uma futura edição corrigida, revisada e atualizada.
O primeiro objetivo foi atingindo, o segundo quase que totalmente atingido e o terceiro está em processo. Infelizmente, não será possível nessa primeira edição fazer todas as correções apontadas.
Conforme dito na apresentação do livro, o mesmo não tem o propósito de ser uma obra completa sobre a Igreja em Fortaleza. Por isso estamos prontos para receber sugestões, informações e documentações que nos possibilitem uma futura edição corrigida, revisada e atualizada.
Este livro não busca ser uma obra completa sobre a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, mas um resgate das raízes históricas da “Igreja dos Mórmons” em Fortaleza.
Aqui, a Igreja de Jesus Cristo, floresceu, cresceu e se desenvolveu, fincou raízes e se estabeleceu. O livro também busca apresentar algumas famílias que se filiaram à Igreja e as circunstâncias em que isso aconteceu.
O livro é dedicado aos membros da Igreja do passado pelo seu legado, aos membros da Igreja no presente por permanecerem na fé em Cristo e às futuras gerações para que eles possam segurar a barra de ferro a despeito do grande e espaçoso edifício.
As famílias e seus representantes aqui citados foram protagonistas na história da igreja em Fortaleza. Não existe família ou pessoa mais ou menos importante, não existe família ou pessoa famosa ou anônima. Todos são importantes, o resto é vaidade que a traça come e a ferrugem destrói.
Equipe Mais Fé: Como o evangelho de Jesus Cristo e sua experiência em escrever a história da Igreja em Fortaleza, Ceará ajudou a fortalecer sua fé e testemunho?
Franzé Lopes: Vi muitos milagres acontecendo e as seguintes escrituras sendo cumpridas: “Tudo posso naquele que me fortalece”, Filipenses 4:13, “Eis que o campo já está branco, pronto para a ceifa”, D&C 4:4, “E aconteceu que eu disse a meu pai: Eu irei e cumprirei as ordens do Senhor, porque sei que o Senhor nunca dá ordens aos filhos dos homens sem antes preparar um caminho pelo qual suas ordens possam ser cumpridas”, 1 Néfi 3:7). Escrever esse livro, fortaleceu a minha fé. Milagres são reais se você crê e eu creio.
Equipe Mais Fé: Tem alguma história ou experiência no livro que gostaria de compartilhar?
Franzé Lopes: Eu gostaria de ressaltar algumas passagens do livro.
Foram três tentativas anteriores até que em 1966, logo no início de janeiro desse mesmo ano, os missionários Élder Beck e Élder Dionne, retornaram para Fortaleza, quando finalmente o trabalho de proselitismo começou. Por não terem uma residência própria para ficarem, os dois se hospedaram em um hotel local.
Mesmo ainda não tendo um endereço oficial para fornecer aos interessados em ouvir sua mensagem e participar das reuniões da Igreja, os missionários, com muita fé e coragem, foram à redação do Jornal Correio do Ceará, um dos vários jornais daquela época para anunciar e divulgar através de manchetes de primeira página a chegada dos representantes da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias à cidade de Fortaleza.
Com os custos das diárias no hotel começando a pesar no orçamento, eles foram à sede da polícia para pedir informações sobre um lugar que fosse barato e seguro para se hospedarem. Para surpresa deles, o chefe da polícia os convidou para ficar com ele e sua família por um período, até encontrarem um lugar adequado para ficarem, desde que os dois missionários americanos ensinassem inglês a sua filha.
Procurei muito descobrir qual o nome do bom samaritano, mas infelizmente não descobri. Sem autorização para fazer contato de porta em porta, restava apenas aos missionários, a opção de pendurarem faixas nas ruas no centro de Fortaleza para chamar a atenção para a mensagem da Igreja que eles tinham para ensinar.
Os missionários também colocaram anúncios nas rádios e jornais da cidade. Não havia um local para reuniões nem qualquer estrutura de apoio, exceto a vontade daqueles jovens missionários em estabelecer o evangelho.
“Começamos do zero”, relembrou o Élder Beck, “nós sabíamos que o Senhor nos havia chamado para pregar o Seu evangelho nessa cidade.” Aqui a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, floresceu, cresceu e se desenvolveu, fincou raízes e se estabeleceu.
Veja também: A história de Marcelo e Vaner: como suas famílias se tornaram uma
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