Como Deus me mostrou meu valor enquanto eu estava na prisão

Passei quatro anos e meio na prisão federal por fraude imobiliária. Perguntaram-me como era ser membro de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias e fui parar na prisão.

Amo ser membro da igreja! Fui tratada com amor e compaixão pelos outros membros, mas foi difícil, senti como se uma parte de mim tivesse morrido quando fui para a prisão.

Muito de quem eu pensava que era, foi tirado de mim. Estar longe da minha família foi devastador e assumir a responsabilidade pelos erros que cometi foi doloroso.

Muitas vezes em minha jornada eu quis permanecer em negação, mas a negação foi um dos motivos pelos quais recebi uma sentença mais longa.

Eu não conseguia aceitar os fatos. Passei meus primeiros 2 anos na prisão implorando a Deus que me mandasse para casa para que eu pudesse ser uma boa mãe para meus filhos. Eu orava para entender o que aconteceu e pedi a Deus que me ajudasse a ver a verdade.

Foi depois de uma visita da minha família que tive a nítida impressão de que o Pai Celestial queria que eu aprendesse a ser uma boa mãe na situação em que me encontrava e parasse de me concentrar em voltar para casa.

Aquilo foi uma virada de jogo para mim. Comecei a escrever cartas mais sinceras para meus filhos. Fiz uma lista das pessoas que magoei e assumi a responsabilidade por essas coisas.

Disse aos meus filhos que não era culpa do governo, mas sim minha de estar na prisão, e pedi que me escrevessem cartas contando como eu os tinha magoado.

Desenvolvi um testemunho que se baseia em um relacionamento com meu Salvador agora e com meu Pai Celestial, não com a igreja. Eu amo a igreja, mas passei 3 anos como o único membro da igreja em um dos complexos prisionais em que morei. Orei com mulheres de todas as religiões e fui amada e respeitado. Éramos todas irmãs.

Chad e eu nos casamos em um templo da Igreja de Jesus Cristo. Fizemos convênios sagrados com nosso Pai Celestial e recebemos a promessa de poder e proteção.

Quando descobri que estava sendo investigada por fraude imobiliária, falei com meu bispo e fui amada e apoiada durante o processo de arrependimento.

Sempre soube que tinha um Pai Celestial que me amava, mas o dia em que estive no tribunal foi muito significativo porque me senti muito sozinha.

No entanto, fiz o possível para me arrepender e viver fiel a esses convênios enquanto estava na prisão e senti o poder e a proteção do convênio de uma forma única.

Sou grata pela oportunidade de viver com mulheres de todas as diferentes culturas e credos, e sou grata por morar em Utah, com muitos membros da igreja.

O tempo que passei na prisão me ajudou a descobrir o que realmente importava. Senti o amor que nosso Pai Celestial tem por pessoas cujos fardos eram muito maiores do que os meus e sinto-me honrada por ser uma delas.

Eu costumava me preocupar muito com o que as outras pessoas pensavam de mim, agora eu só quero viver digna das experiências que tive. Eu amo as pessoas, mas minha verdade é a minha verdade, então o que as outras pessoas pensam de mim não é mais tão importante.

Quando já estava três anos na prisão e ainda tinha pelo menos um ano e meio pela frente, comecei a me sentir cansada.

Minha família estava longe, meus filhos estavam crescendo e parecia que a prisão era minha vida.

Eu morava na unidade de RDAP (Programa Residencial de Drogas e Álcool). Eu havia sido designada para um cargo de liderança. Meu trabalho era ajudar as mulheres a resolver conflitos e se comunicar com eficácia.

Eu ensinava o estabelecimento de metas e aulas de comunicação assertiva durante a semana, e facilitava reuniões de 12 etapas nos fins de semana. O trabalho que eu estava fazendo era significativo, mas também exaustivo.

Fiz uma oração:

“Pai Celestial, estou cansada, já faz muito tempo. Por favor, me ajude a continuar.”

Muitas vezes na prisão, esperei ansiosamente que as luzes se apagassem à noite e tive longas conversas com meu Pai Celestial, mas este foi apenas um apelo simples.

Naquela noite, sonhei que estava em uma sala de aula cheia de pessoas com quem me importava. A sala era branca, com janelas altas e tetos altos. Parecia importante e tive a impressão de que me importava profundamente com todos na sala.

Eu estava ansiosa para aprender e sabia a importância para o que estávamos nos preparando. Eu me via como um líder e levava essa responsabilidade a sério.

Havia um homem parado na frente da sala, ele estava calmo e firme, e eu sabia que ele era nosso professor.

Levantei a mão várias vezes para fazer perguntas, e o professor foi paciente e pareceu gostar de me ver tentando descobrir as coisas.

Havia alento e gentileza em seu semblante, ele parecia feliz e divertido enquanto eu continuava tentando entender o que faríamos.

“E se não acertarmos, isso é importante demais para falhar. Como podemos saber se vamos acertar?”  Eu perguntei.

“Você pode se preparar e isso vai te ajudar, mas você não vai entender como vai se sentir até estar na situação.” Ele disse: “Você cometerá erros, mas não desistirá.”

O professor passou e sussurrou em meu ouvido: “Eu vou me casar com você um dia.”

Acordei naquele momento com um sentimento de intensa alegria e felicidade!

Pensei no meu sonho o dia todo e, cada vez que me lembrava dele, sentia alegria e felicidade novamente.

Escrevi em meu diário:

“Sonhei que estava sentada em uma sala de aula ansiosa para aprender, e o professor sussurrou em meu ouvido que um dia se casaria comigo. Acordei sentindo uma alegria intensa e continuo a sentir alegria cada vez que penso no sonho. Acredito que foi um evento que aconteceu antes de eu vir à Terra. Chad era o professor, mas ele era diferente, não consigo nem descrever o quão incrível ele era. Estávamos em uma aula para aprender sobre a mortalidade e eu queria saber como seria. Quando penso em mim mesma me preparando para esta experiência terrena, isso assume um nível totalmente novo de importância. Chad foi sábio, acredito que ele é um espírito forte e brilhante. Ele me conhecia e me escolheu. Esses pensamentos me dão uma sensação de grande valor! Às vezes, a divisão entre o céu e a terra é tênue na prisão, e sempre sou grata por essas experiências.”

Durante semanas depois que tive o sonho, sentei no intervalo e lembrei de como me sentia. A impressão nunca me deixou. Quando estou com problemas, me lembro daquele sonho, repenso o que estou passando e sou capaz de ver minha vida de uma perspectiva diferente.

Somos eternos, nos preparamos para as experiências que estamos tendo nesta Terra antes de virmos para cá, e somos muito mais brilhantes do que podemos ver com nossos olhos naturais!

Escrevi uma carta para minha irmã, Kira.

“Querida Kira,

É sábado de manhã e estou sentada no meu beliche, pensando na minha vida. Como envelheci tanto? Ouvi dizer que a vida começa a ficar muito boa quando você faz 50 anos; e isso é quando você não se importa mais com o que os outros pensam. Eu estou quase lá! Tenho fugido de erros do passado a maior parte da minha vida e aqui estou eu na prisão federal e não tenho para onde fugir. Finalmente descobri que eu era o denominador comum em todos os meus problemas. Tive algumas experiências espirituais na prisão que me mudaram. Tive um sonho sobre uma experiência que acredito ter ocorrido antes de virmos à Terra. Chad era professor e tinha grande força de caráter. A felicidade que senti durante aquele sonho é difícil de explicar. Sei que nos preparamos para as experiências que estamos tendo aqui, e somos seres espirituais brilhantes com um potencial incrível. Eu não apenas acredito, eu sei disso!”

Fonte: Meridian Magazine