Você já se arrependeu de algo que falou?
Eu era a presidente da Sociedade de Socorro e tínhamos acabado de servir uma refeição no salão cultural para os membros de uma família após um lindo funeral. Uma mulher maravilhosa e idosa de nossa ala tinha falecido, e mais ou menos 60 de seus amigos e familiares próximos estavam em seu funeral, à procura de conforto e consolo. Alguém ligou o microfone e convidou quem quisesse para compartilhar uma lembrança ou algumas palavras.
Várias pessoas compartilharam histórias comoventes. E depois eu peguei o microfone. “Eu a amava muito! Ela era engraçada de morrer!”, disse. Eu sei. Péssima escolha de palavras. Eu queria sumir.
Normalmente, as pessoas saem correndo em uma situação dessa. Mas eu não podia sair, eu era responsável por servir as pessoas e pela limpeza! Então, com cara vermelha e morrendo de vergonha, tive de ficar. Acho que fiquei remoendo essa situação durante duas semanas.
Todos nós já passamos alguma vergonha por conta de algo que falamos. Também dissemos coisas que magoaram outra pessoa, acidentalmente ou mesmo de propósito. Comentários cruéis e sarcásticos que pensávamos serem tão inteligentes em nossa adolescência, comentários ingênuos e descuidados em nossa juventude. Será que um dia paramos de falar o que não devemos? Provavelmente não, embora com esforço, podemos diminuir sua frequência.
Geralmente estamos tão escondidos dentro de todo o constrangimento que nem sempre tentamos pedir desculpa. Ou sentimos que já é tarde demais. Mesmo que tivesse o número de telefone de todos que foram naquele funeral, duvido que todo mundo se lembra do que eu disse. Provavelmente, eu sou a única pessoa que ainda pensa no meu erro. E se aquelas pessoas ainda se lembram do que eu falei, provavelmente vão se perguntar porque demorei tantos anos para falar alguma coisa.
Mas pense num comentário que ainda dói, algo que alguém disse há anos e que te magoou. Se essa pessoa ligasse para pedir desculpa, você não perdoaria essa pessoa logo? Essa pessoa se sentiu envergonhada por anos e agora quer fazer a coisa certa.
Se pudermos deixar de lado o nosso orgulho e nos focar na necessidade de amarmos uns aos outros e nos vermos como irmãos e irmãs, sabemos que reagiríamos com generosidade e amizade.
E se decidíssemos perdoar as pessoas mesmo antes delas se desculparem? Esse é o ideal – e fazê-lo rapidamente, no momento que a coisa acontece. O segredo é manter uma perspectiva eterna. A importância de tantas coisas encolhe quando percebemos que são apenas parte da mortalidade e que não vão importar na próxima vida.
Outra coisa que nos ajuda a perdoar é perceber que também erramos. Pisamos no calo das pessoas, dizemos a coisa errada. E se foi de propósito, mais uma razão para descobrir porque fizemos isso, tomar medidas para se tornar mais compassivo, e confessar humildemente à pessoa que ofendemos. Depois de fazermos tudo o que podemos, também temos de nos perdoar. Não deixe que os seus erros do passado prejudiquem o seu crescimento de hoje.
As pessoas me perguntam com frequência quando que vou ter netos. É uma pergunta engraçada, não é? A menos que eu esteja enganada, acho que não depende de mim. Eu poderia responder a cada um desses comentários como várias pedras na mão ou eu poderia apenas rir e perceber que o que as pessoas estão realmente desejando para mim é felicidade. Querem que eu tenha a mesma alegria que eles. Então, olhar para a intenção pode muitas vezes nos impedir de ficar ofendidos.
Penso que podemos ver muitos comentários com essa visão. Embora não seja da conta de ninguém quando você vai começar uma família/ter um bebê, lembre-se que eles estão perguntando porque eles querem que você experimente a alegria que vem das crianças.
Veja o humor em alguns desses comentários estranhos. Quando eu era professora substituta em uma escola de ensino médio, alguém me perguntou, com incredulidade, se eu tinha feito uma licenciatura. “O quê?! Tenho que fazer licenciatura para dar aula?” A pessoa começou uma explicação frustrada sobre a importância de ter uma licenciatura até que percebeu lentamente que eu estava brincando.
Às vezes é bom detectar um comentário cruel e simplesmente ignorá-lo. Não precisa responder. Não precisa levar para o pessoal. Basta olhar para a pessoa que achou que tinha que dizer isso. Você não precisa ser dono dos pensamentos da pessoa. Você pode até ter consolo em saber que você nunca seria capaz de dizer isso a outra pessoa.
A vida na terra é assim mesmo. Estamos aqui tropeçando, tentando dar nossos pulos e fazer o nosso melhor. Mas somos mortais e erramos. A lição escondida naqueles momentos em que se diz a coisa errada é que temos de dar aos outros o mesmo tratamento que gostaríamos. É possível que as pessoas que magoaram os seus sentimentos tenham se arrependido. E mesmo que não tenham, vamos supor que sim! A vida é mais agradável quando imaginamos o positivo do que o negativo.
Por último, vamos escolher dizer palavras amáveis. Paulo disse aos efésios para que “… não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, mas só a que for boa… ” (Efésios 4:29) e Tiago tinha muito a dizer sobre abafar a língua, incluindo: “Se alguém não tropeça em palavra, o tal homem é perfeito, e poderoso para também refrear todo o corpo.” (Tiago 3:2).
Então vamos encher os corações das outras pessoas de esperança. Vamos expressar amor e encorajamento, em vez de correção ou julgamento. O Presidente Thomas S. Monson disse: “Talvez vocês esqueçam amanhã as palavras bondosas que disseram, mas quem as recebeu talvez as considere preciosas por toda a vida”.
Fonte: Meridian Magazine