Uma reflexão sobre o significado de “Deus é amor”
O evangélico e estudioso da Bíblia Ben Witherington escreveu um artigo interessante sobre o significado de “Deus é amor”.
Depois de explicar as suposições erradas que muitas pessoas fazem sobre o significado de “amor”, Witherington nos ensina sobre o verdadeiro significado do amor de Deus.
Em 1 João 4, onde Deus é chamado de amor não uma, mas duas vezes, Deus é chamado de ágape, uma palavra muito diferente para amor do que eros.
A forma verbal do substantivo ágape (agapao) é usada para dizer que Deus ama o mundo no versículo mais famoso do Novo Testamento em João 3:16:
“Deus amou o mundo de tal maneira, que deu o seu Filho Unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”.
Aqui, ouvimos sobre o auto sacrifício de Deus.
Claramente, o tipo de amor predicado por Deus não é um mero amor humano, certamente não é qualquer tipo de amor narcisista autodirigido, em busca de realização pessoal ou expressão de fortes desejos pessoais.
Não, dizer que Deus “é amor” é dizer que Deus é o ser que mais se auto sacrificou no universo e, como tal, Ele estava preparado para ir a limites incríveis para ajudar a humanidade.
Os escritores do Novo Testamento claramente não teriam nada a ver com qualquer tentativa de definir Deus com base em noções meramente humanas de amor ou definir o amor “como nosso deus”.
Para os cristãos, Deus é a própria definição de auto sacrifício de amor e o que isto realmente significa. Devíamos ter parado há muito tempo de tentar definir Deus e seu caráter divino em nossa compreensão parcial do amor e dos sentimentos humanos.
Mas há muito mais a ser dito. Este amor descrito pelo autor de 1 João 4 implica em algo fundamental sobre a liberdade de Deus.
O amor não pode ser compelido, manipulado ou predeterminado para ser amor genuíno. O amor deve ser dado e recebido gratuitamente.
Deus não precisava amar um mundo cheio de seres humanos egocêntricos e pecadores, mas ele escolheu fazê-lo, e isso está de acordo com a própria natureza de Deus.
Ainda mais interessante e surpreendente é que 1 João 4 também nos diz que o amor de Deus atinge sua expressão mais plena não apenas na criação, mas na vida de seus “amados”, sobre os quais se diz que o amor perfeito de Deus expulsa todo o medo de punição, assim como outros medos.
Na Bíblia, as declarações indicativas sobre Deus muitas vezes se tornam imperativas para seu povo – “e sereis santos, porque eu sou santo” (Levítico 11:44), por exemplo. Essa também é uma verdade em relação ao amor.
“Nós amamos (agapomen)”, diz o escritor, “porque ele nos amou primeiro (egapesen)” (1 João 4:19). Porém, nossa resposta também é gratuita. Devemos obedecer livremente ao grande mandamento de amar a Deus com tudo o que somos e amar nosso próximo como a nós mesmos.
No entanto, só porque a resposta é gratuita, não significa que seja opcional. Não. Para os cristãos é uma exigência.
E o tipo específico de amor que Cristo, o autor de 1 João, e o apóstolo Paulo têm em mente, é um amor santo, um amor justo e um amor misericordioso, que recebemos de Deus e agora, em certa medida, estamos retornando.
É claro que é verdade que no grande mandamento: “Amarás (agapeseis), pois, o Senhor teu Deus de todo o teu coração” (Marcos 12:30), o escritor não se refere a sentimentos. Ninguém pode comandar seus próprios sentimentos.
Você não pode levantar de manhã e dizer: “Eu me ordeno a ter sentimentos calorosos e emotivos o dia todo”.
Os sentimentos vêm e vão e estão sujeitos a um milhão de fatores – circunstâncias, personalidade, saúde e etc.
O mandamento de amar a Deus tem pouco a ver com isso. Tem a ver com amar abnegadamente a Deus e aos outros, assim como somos amados por Deus.
O próprio Salvador disse: “ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a sua vida pelos seus amigos” (João 15:13), e o próprio Jesus faria exatamente isso na Sexta-feira Santa.
Paradoxalmente, este é o lugar onde vemos mais claramente o grande amor de Deus por todos nós e sua santidade também.
Não há amor sem santidade e justiça, mas também não há justiça sem amor. Este é o caráter de Deus tanto no Antigo Testamento quanto no Novo Testamento.
E a prova final disso aparece mais uma vez em 1 João 4 – pois é a pessoa que Jesus chamou de Pai, o próprio Deus do Antigo Testamento, que é dito ser o amor neste texto.
Acho essa informação útil e clara. O mandamento de amar a Deus requer abnegação, compromisso, serviço e ação, todos perfeitamente ilustrados no amoroso ministério do Filho de Deus.
Com isso em mente, as palavras finais de uma das epístolas de Mórmon, registrada em Morôni 7:46-48, parecem particularmente relevantes:
“De modo que, meus amados irmãos, se não tendes caridade, nada sois, porque a caridade nunca falha. Portanto, apegai-vos à caridade, que é, de todas, a maior, porque todas as coisas hão de falhar —
Mas a caridade é o puro amor de Cristo e permanece para sempre; e para todos os que a possuírem, no último dia tudo estará bem.
Portanto, meus amados irmãos, rogai ao Pai, com toda a energia de vosso coração, que sejais cheios desse amor que ele concedeu a todos os que são verdadeiros seguidores de seu Filho, Jesus Cristo; que vos torneis os filhos de Deus; que quando ele aparecer, sejamos como ele, porque o veremos como ele é; que tenhamos esta esperança; que sejamos purificados, como ele é puro. Amém.”
Este amor divino, o puro amor de Jesus Cristo, requer um milagre. Depende da graça. Não é algo que aprendemos naturalmente. Requer deixar o homem natural e permitir que Deus nos transforme e nos dê este grande presente.
Podemos nos afastar desse dom e graça a qualquer momento. Na verdade, podemos destruí-lo e destruir nossas vidas.
Porém, sem ele, sem aquela expressão milagrosa da misericórdia de Deus e do amor e expiação de Cristo, não somos nada. Vale a pena buscar e implorar com toda a energia do nosso coração.
Fonte: Meridian Magazine
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