A busca por significado nos “feeds” das redes sociais
Na Segunda-feira, nós tivemos uma reunião na empresa onde trabalho e foi determinado que é proibido o uso de celulares pessoais durante o horário de trabalho. Para mim, nada mudou. No entanto, essa pequena mudança tem gerado certos desconfortos para alguns colegas que estão acostumados a ficar conectados o tempo todo.
Dados estatísticos mostram que “o brasileiro passa mais de 3 horas e meia por dia em redes sociais. Os dados são do relatório 2018 Global Digital, da We Are Social e da Hootsuite. O Brasil está entre os três países do mundo no qual a população passa em média mais de 9 horas do dia navegando na Internet”.
Com relação as redes sociais, o Presidente Nelson disse:
“O lado negativo das mídias sociais é que elas criam uma falsa realidade. As pessoas publicam suas fotos mais divertidas, aventureiras e emocionantes, passando a errada impressão de que levam uma vida divertida, cheia de aventuras e interessante, e vocês não. Muito do que é publicado nas mídias sociais é distorcido, senão falso”.
Qual significado nós buscamos nas redes sociais? Qual vazio nós queremos preencher ao passar horas e horas conectados rolando o feed das redes sociais? Onde queremos chegar? Ou será que estamos fugindo de nossa realidade?
Doença?
Em um artigo publicado em Abril de 2014 pela ESPM intitulado por “O uso excessivo da internet e das redes sociais também pode ser considerado doença”[1], traz a opinião do psicólogo Pablo de Assis que diz:
“O problema sempre está no exagero. Tudo que é exagerado é prejudicial. O exagero geralmente surge quando valorizamos mais uma coisa em detrimento de outra. Normalmente, comportamentos unilaterais tendem a se fortalecer em si mesmos e por isso temos que tomar cuidado. O mesmo pode acontecer com a internet: se uma pessoa vive unicamente as redes sociais e os sites, em detrimento de outras vivências, temos complicações. A questão é que essa vivência é legítima, mas se vivida como exclusividade, torna-se perigosa”.
Muitas pessoas deixam de sair com amigos e a família para ficarem online. Muitos não aproveitam realmente os momentos, porque pensam que é necessário fotografar e postar tudo. Muitos fazem rapidamente suas obrigações para deitar e ficar vendo as novas fotos do Instagram e os textos no Facebook… Será que essa realidade é saudável e benéfica?
Um mundo perfeito
As redes sociais criam uma falsa ideia de mundo perfeito. E muitas vezes esse mundo perfeito não é o nosso. O mundo perfeito é do outro que viajou para a Europa, que comprou um veículo novo ou que iniciou um novo relacionamento. As redes sociais têm o poder de nos paralisar se não estivermos atentos e até mesmo causar sentimentos de solidão levando a depressão.
Um estudo recente concluiu que o uso de redes sociais aumenta o sentimento de solidão e leva a depressão. A pesquisa científica com fortes dados experimentais conectou pela primeira vez o uso de Facebook, Snapchat e Instagram à diminuição do bem-estar. Os resultados foram publicados no Journal of Social and Clinical Psychology.
“Nós nos propusemos a fazer um estudo muito mais abrangente e rigoroso, que reproduzisse com maior similaridade a rotina das pessoas”, escreveram os cientistas do departamento de psicologia da Universidade da Pensilvânia, nos EUA.
A equipe analisou as experiências de 143 estudantes, de 18 a 22 anos, com as três plataformas mais populares entre os alunos da graduação (Facebook, Snapchat e Instagram), coletando dados de uso automaticamente rastreados pelos iPhones dos participantes. Também foram feitas pesquisas para determinar o humor e o bem-estar de cada um, além da análise de suas publicações.
Os estudantes observados foram divididos em dois grupos: os que podiam usar o celular sem restrição e os que tinham só dez minutos por dia em cada rede social. Durante três semanas, os cientistas acompanharam as estatísticas de uso, e registraram os níveis de medo, perda, ansiedade, depressão e solidão, dos jovens.
Os resultados
Os resultados mostraram que usar redes sociais por menos tempo leva a reduções significativas tanto de depressão quanto solidão. Esses efeitos são particularmente válidos para pessoas que estavam mais deprimidas quando começaram a pesquisa.
A publicação salienta que as descobertas não sugerem o fim das mídias sociais, a ideia é que limitar o tempo de tela nesses aplicativos não prejudica a saúde. “É um pouco irônico dizer que reduzir o uso de mídia social faz você se sentir menos solitário”, afirma Melissa G. Hunt, líder da pesquisa.
Mas ao investigar um pouco mais, as descobertas fazem sentido. “As publicações existentes sobre redes sociais sugerem que há uma enorme quantidade de comparação. Quando você olha para a vida de outras pessoas, particularmente no Instagram, é fácil concluir que a vida de todos é mais legal ou melhor que a sua”.
O que estamos buscando nas redes sociais? Em uma escala de 0 a 10 como nós nos avaliaríamos no uso das redes sociais? Que tenhamos a firme decisão de mudar e progredir dia após dia.
Referências
[1] O uso excessivo da internet e das redes sociais também pode ser considerado doença