3 Maneiras de lidar com as incertezas de nossa vida
Este artigo foi retirado do livro “A Place to Belong” de Virginia Pearce Cowley
Virginia Pearce Cowley é a terceira filha do Presidente e da Irmã Hinckley. Ela e seu ex-esposo, James R. Pearce, são pais de 6 filhos e tem 27 netos e um bisneto.
Virginia, que é escritora e terapeuta de casamentos e familiar aposentada, serviu como conselheira da Presidência Geral da Organização das Moças e como missionária no departamento de Especialista de Assuntos da Igreja. Ela é casada com Joseph F. Cowley Jr.
A experiência e processo de maturidade
Por causa das muitas designações da Igreja e as experiências da vida, despendi um tempo considerável escutando, falando e pensando sobre nós, as mulheres da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.
E foi isso que aprendi: Não estamos aqui por acidente. Cada uma de nós tem uma vida preciosa para viver. Não sabemos quão longa será, mas acreditamos que na vida temos uma grande responsabilidade pelo que escolhemos fazer.
Para mim, parece que os homens da Igreja, como um todo, têm uma visão clara de suas vidas. Apesar de haver uma grande diferença, escolher entre opções, tomar decisões pessoais, existem alguns pontos sólidos no caminho dos homens.
Ordenação ao sacerdócio aos 12 anos de idade, com deveres específicos; a responsabilidade de servir uma missão por volta de 18 e 19 anos, casar com uns vinte e poucos, além da obrigação de buscar educação e capacitação que os preparará para sustentar suas famílias; e assim por diante. E a maioria dos homens tem o controle individual para atender essas expectativas.
Por outro lado – para nós mulheres – bem… talvez uma boa palavra para descrever as nossas escolhas como mulheres é ambiguidade. A ambiguidade sugere falta de clareza e incerteza, e muitas vezes, é assim que acontece conosco.
Vamos começar com Eva. Sabemos muito pouco sobre ela, mas ainda assim, muito. Ela era nobre e tinha muita fé. Ela tinha uma missão para cumprir, uma missão na qual toda a raça humana dependia.
Não temos registros de sua angústia, enquanto ela enfrentou a ambiguidade, mas como ela não poderia fazer sua escolha sem pesar as consequências imediatas e a longo prazo para ela, Adão e para a sua posteridade?
Você e eu lidamos com a ambiguidade regularmente. Tentar tomar decisões, e descobrir o nosso caminho na vida nem sempre é tão claro. E alguns desses marcos, como casamento e filhos, sempre parecem estar fora de nosso controle.
Além disso, nós vivemos em um lugar e uma época onde as mulheres tem mais oportunidades e opções disponíveis do que em qualquer outra época na história do mundo.
Então, a combinação de deveres, dos desejos dados por Deus, e novas oportunidades criam uma grande incerteza. O presidente M. Russel Ballard ensinou:
“Percebo que as mulheres costumam lidar com um tipo de ambiguidade não necessariamente enfrentada pelos homens, pois há uma infinidade de opções e incertezas à sua frente. Isso pode ser particularmente desafiador hoje, porque o mundo oferece às mulheres um número crescente de oportunidades – muito mais do que eram disponíveis para as mulheres uma geração atrás.”
Então sempre nos fazemos a seguinte pergunta: “Estou fazendo o que Deus quer que eu faça com a minha preciosa vida?”
Escuto essa mesma pergunta das minhas filhas e amigas, e está escrita em muitas das páginas dos meus diários. Tenho quase certeza, querida leitora, que essa é uma pergunta que você pode estar se fazendo.
E a cada vez que tentamos responder essa pergunta, porque somos mulheres, pesamos todos os tipos de lealdades e o efeito que as nossas escolhas podem ter sobre os outros.
Temos o dom – e as vezes a maldição – de estarmos constantemente ligadas a relacionamentos.
Se eu voltar a estudar, ou aceitar a promoção, ou ter outro filho, receber um chamado na Igreja de grande exigência, como isso afetará minha família, meus relacionamentos futuros, a felicidade de outras pessoas e meu próprio caminho em direção a santificação?
Então, como navegamos nessa incerteza e caminho individual de constante mudança e não somente tolerar a ambiguidade, mas celebra-la?
Bem, vou expressar o que penso. Na verdade, vou compartilhar três pontos que tenho pensado e que você pode levar em consideração.
Se regozije na ambiguidade e aguarde revelação
A ambiguidade é motive de celebração porque sempre nos convida a buscar revelação de Deus. Sim, observamos ao nosso redor o que as outras pessoas fazem em circunstâncias similares ou em idades similares, mas essa é o Meu Caminho, não o de outra pessoa.
Você e eu vamos até Ele para receber revelação pessoal. Então, buscar e receber revelação se torna uma habilidade crítica que toda mulher desenvolver. Somente através de revelação o Senhor pode revelar seus desejos para o caminho a nossa frente.
A irmã Julie B. Beck disse:
“A capacidade de qualificar-nos para receber revelação pessoal, de recebê-la e de agirmos de acordo com essa inspiração é a habilidade mais importante que podemos adquirir nesta vida.”
E a irmã Patricia T. Holland disse:
“Acredito que cada uma de nós tem uma missão específica a cumprir nesta terra.” Se acreditarmos que somos enviados para cá com uma missão e designações específicas, precisamos acreditar que Ele nos revelará pouco a pouco. Nas palavras de um dos meus hinos favoritos: “Não peço luz afim de longe ver – somente luz em cada passo ter.”
Um dos grandes bônus de receber revelação ao fazermos algumas escolhas em nossas vidas é que assim estamos dispostos a olhar a vida de nosso próximo e sentir inveja – ou pior, criticar suas escolhas de vida.
A irmã Ruth Renlund ensinou:
“Não há uma maneira de ser uma mulher membro da Igreja. Cada um tem direito à revelação pessoal e espera-se que esse direito seja usado. Deve ser pessoal e não devemos deixar que os comentários de outras pessoas abalem a nossa direção. Eu acho que as mulheres são particularmente suscetíveis a isso.”
Em uma vida com caminhos cheios de ambiguidade, em nossas inseguranças sobre nossas próprias escolhas, nós, muito frequentemente, observamos outras pessoas com um olhar de julgamento.
Revisar as certezas
Em tempos de incerteza, é sempre útil revisar as certezas. Eu particularmente preciso ser lembrada das coisas que tenho certeza, quando estou nadando em um território incerto. Não sei o que está na sua lista, mas a minha inclui essas certezas:
Deus é meu Pai, e Ele estará ao meu lado. “Quando eu a ti clamar, então voltarão para trás os meus inimigos; isto sei eu, porque Deus é por mim”(Salmos 56.9).
Seu Filho Jesus Cristo é meu Redentor. O Espírito Santo é meu Consolador e Guia. As coisas que sei, com certeza incluem meu objetivo maior na terra: crescer, aprender e mudar para me tornar mais semelhante a Deus, voltar a viver em Sua presença e ajudar os outros a fazer o mesmo.
E tenho certeza sobre a veracidade da revelação pessoal. Não posso prever como Ele falará comigo, mas já vivi o bastante para ter certeza de que Ele falará. Também sei que a revelação floresce no solo que vive o evangelho.
O Presidente Russell M. Nelson nos deu uma promessa gloriosa:
“Certamente haverá momentos em que vocês sentirão que os céus estão fechados. Mas prometo que, ao continuarem a ser obedientes, expressando sua gratidão por todas as bênçãos que o Senhor concede, e, ao honrarem pacientemente o tempo do Senhor, vocês receberão o conhecimento e a compreensão que procuram. Vocês receberão todas as bênçãos que o Senhor tem para vocês — até mesmo milagres. É isso que a revelação pessoal fará por vocês”
Essas palavras são a minha conclusão. E quando as recito em voz alta, sinto uma espécie de paz que me permite abrir o coração e com confiança – até mesmo animação – abraçar as ambiguidades.
Vá com calma, lidar com a ambiguidade toma tempo e energia
Algumas vezes, a luta para encontrar um caminho a seguir começa porque adversidade inesperadas simplesmente impedem a nossa trilha. O futuro que planejamos desaparece.
Ouvi dizer que quando os animais estão feridos, ele “abraçam o chão” por um tempo. Não sei você, mas eu já passei por essa experiência, onde somos atingidos pelo estômago por algo de repente – algo que te joga para um novo e aterrorizante mundo e, por um tempo, tudo o que se pode fazer é abraçar o chão e esperar.
Acredito que podemos nos permitir ter esse tipo de atitude pelo tempo que precisarmos para gradualmente parar de nos sentirmos feridos. Só você saberá o seu tempo… e ninguém mais.
Me lembro claramente das semanas após o falecimento do meu esposo como um momento de abraçar o chão. Me lembro de pensar se eu seria capaz de ter qualquer outro sentimento que não fosse aquele… então um dia, andando na rua (não me lembro exatamente o lugar), aquele pesar passou.
Senti uma luz tempo suficiente para saber que chegaria para ficar eventualmente – que eu sentiria uma alegria subjacente e uma sensação de bem-estar novamente.
Eu gosto de pensar na palavra pousio. Um campo de pousio é aquele que é arado e devastado, mas deixado sem semear por um tempo para restaurar sua fertilidade.
Talvez você nem precise abraçar o chão. Talvez você só precise ir com calma, se a ambiguidade vir por causa de uma condição adversa.
Mas até mesmo na ausência da dificuldade, precisamos esculpir lugares ou espaços de quietude em nosso dia-a-dia para pensar e se acalmar. Acredito que este seja um pré-requisito para ouvir a voz do Senhor.
O Élder M. Russell Ballard nos encorajou:
“Se sua vida não tiver um momento de silêncio, você começará a procurar esta noite?… Todos precisamos de tempo para nos fazer perguntas ou para ter uma entrevista pessoal regular.”
O Presidente Gordon B. Hinckley deu um conselho a estudantes universitários:
“Você precisa de tempo para meditar e ponderar, pensar e se maravilhar com o grande plano de felicidade que o Senhor esboçou para Seus filhos. Nossas vidas se tornam extremamente ocupadas. Corremos de uma coisa para outra…. Temos o direito de passar algum tempo conosco na introspecção, no desenvolvimento…. Suas necessidades e gostos nesse sentido variam com a sua idade. Mas todos nós precisamos disso.
Não é o momento de se preocupar. Não é tempo de planejar. É hora de meditar, de se abrir à vida e a Ele. Pense em caminhar pela natureza quando estiver criando espaços e lugares para introspecção.
Conheço uma terapeuta que aconselha seus clientes a sair e realmente tocar em algo da natureza para acalmar a ansiedade. Esfregue uma folha na sua mão. Sinta a grama sob seus pés. Vire seu rosto para beber ao sol!
Podemos ter alegria na ambiguidade de nossas vidas, revendo as certezas e gastando tempo regularmente para simplesmente deixar Deus entrar – para parar e contemplar a Ele e Sua majestade.
Coloque sua vida aos pés Dele – em espaços e lugares tranquilos – em tempos de reflexão e meditação silenciosos, livres de listas de tarefas sem fim, reivindicando o privilégio da revelação pessoal.
E certamente, em Seu próprio tempo, Ele inundará você e eu com Seu espírito vivificante e nos empurrará para frente, para levar cada um de nós a cumprir nossa missão preordenada, para sermos felizes em nossas vidas selvagem e preciosa!
Fonte: LDSLiving